Quer as comemorações do 25 de abril, quer as manifestações de hoje são teatro, uma encenação para povo ver. O chega é uma excrescência do regime, um necrófago que se alimenta dos cadáveres que PS e PSD vão deixando para trás. Chega e Centrão são dua…
Quer as comemorações do 25 de abril, quer as manifestações de hoje são teatro, uma encenação para povo ver. O chega é uma excrescência do regime, um necrófago que se alimenta dos cadáveres que PS e PSD vão deixando para trás. Chega e Centrão são duas faces da mesma moeda, estão bem um para o outro. Por isso, Ventura é o melhor trunfo de Costa, o seu seguro de vida, e um presentão envenenado para Montenegro. Ventura é um CataVento, CataVentura. As suas incongruências são permanentes - na tese de doutoramento defendia a integração dos migrantes, agora olha-os como belzebu; advoga a exclusividade dos deputados mas só para os outros; pertence à família europeia que apoia putin, tanto quer o internamento compulsivo dos não vacinados como uma auditoria à gestão covid. E Costa ? Costa é apenas um gémeo deste malogro. É o homem forte de Sócrates, quem apunhalou duas vezes seguidas um companheiro seu com a justificação que a vitória eleitoral não era suficientemente expressiva - para logo perder eleições. Encarna a degenerescência do partido socialista, distante dos seus fundadores, um mutante genético com zero reformas e apenas a negociatas, ofertas, compras. E umbigo claro, ou afinal quem foi o convidado especial para os 50 anos PS senão a sua catapulta europeia?
Chega e Centrão são siameses - ou acham que é por acaso que quem mais votou no parlamento ao lado da bancada rosa nestes sete anos foram chega e psd? Desde matérias magnas como orçamento de estado até à fantochada do iva zero. Ventura está com Costa que está com Montenegro que está com Ventura. É assim que, com 49 anos de “democracia”, com 24 anos de ps e 21 de psd, continuamos a ser o rabo da Europa.
As celebrações de hoje de Abril, com a assembleia toda gradeada e rodeada de blocos de cimento e polícia de choque, com clivagens e divisões em falsete e postiças, a fingir que discordam, com as comitivas a chegarem em banheiras de vidros fumados, as palhaçadas de circunstância e as palavras ocas, todo o mise en sène rocócó, demonstta o ponto sem retorno a que chegámos.Estamos em ciclo vicioso e viciado, circuito fechado, e rebentar a redoma vai custar sangue, suor e lágrimas. Cravos? Estamos é encravados e bem encravados.
Joana Amaral Dias
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