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Rebentam as Águas - IX - A Vida
Rebentam as Águas - Parte IX - A Vida
Sereno...
Inteiro...
Livre...
Uma Paz luminosa me circunda.
Verdadeira Paz, desta vez incontestável,
por inteiro oposta ao material conforto efémero...
De onde terá surgido este radiante movimento
líquido, luminoso, interminável?...
Não surgiu; sempre existiu comigo.
Como num útero, agora Eu repouso;
mas a realidade que me envolve é pura,
e terá mesmo havido outra?
Não me recordo de onde vim,
mas sei que cheguei aqui de algures...
de onde mesmo?
Algo interior me sugere outra realidade,
mas não sei ao certo, não me lembro.
Aqui sei que é puro:
nada nem ninguém me alimenta
que não Eu próprio e a Mim somente.
No entanto, não estou só.
Sinto alguém comigo, mas quem?
Ninguém vejo;
apenas a tal Luz que se movimenta
como casta água, onde me banho.
«Tudo fará sentido.
Já não são olhos que te fazem ver.»
Aqui, a luz não é inversa:
não preciso de olhos com cernes negros,
para ilusionar o escuro,
como se luminoso fosse
esse fogo tenebroso.
Esta Luz não requer olhos que a vejam,
não requer alma que a entenda.
Aliás, alma alguma jamais a entenderia,
tão oposta que é em sua natura.
Sem olhos, sem corpo, sem alma...
...sem quaisquer dos artifícios do Oposto.
Para contemplá-la, para nela existir,
Eu basto...
A Fonte que sempre existiu.
A entidade inteira, singular e à parte
de todas as partes que atrás larguei.
Basto Eu, aqui,
o imortal,
o incriado,
Eu...
«Tudo fará sentido.
Já não é com ouvidos que tu escutas.»
Não é uma voz crua que me chega,
não precisa de som, nem de palavras.
É assim uma Voz que há muito escuto
e, contudo, nunca comigo falou.
Tais conversas,
nunca tocadas pelo tempo,
foram monólogos
de paciência e sapiência.
O Génio-relâmpago com que o todo
parece caber na ínfima vacuidade
de um instante eterno,
prestando ténues vislumbres
do que reside por detrás
de todos os pensamentos,
de todas as palavras,
de todos os actos:
o imortal,
o incriado,
Eu...
«Tudo fará sentido.
Já não é de Pó o corpo em que existes.»
Acordo à minha substância resplandecente.
Sou como de ouro e do mais puro cristal,
sou a lídima pérola incriada,
já livre do cárcere das conchas
da vieira que estalou.
Falho na descrição do que Sou,
pois são escassas as palavras definidas
e seus conceitos parcos
e vagos de realidade.
Foram criadas no intuito de orar à criação
e são por isso imperfeitas e até opostas
à representação do que é eterno
e existente além da sua cega e sucinta função.
A essência não tem palavra alguma.
Para descrever meu excelso estado
mais valia que cantasse a melodia
que sobressai nos momentos de Silêncio
em que tudo o que parece existir
se desmorona em partículas de ilusão:
O imortal,
o incriado,
Eu...
Emerjo da Água protectora como um Marlim,
de Lança acesa e em riste à minha fronte,
Escudo bem firme junto ao brioso peito!
Sobre meus alvos cabelos cintilantes,
assenta a Corôa da minha Soberania!
Pelo Baptismo destas Águas fronteiriças
renasci aquele que sempre foi,
retomei minha efectiva presença
na linha da Existência sem Tempo!
Recordo agora!
Capturado pela Tentação, Caí.
Aí, alheado de Mim, algemado ao efémero,
Chronos, com o seu torno implacável,
despedaçou-me imensuráveis vezes
e nunca Me tocou!
Kairós, o fleumático, conspirou Comigo,
abriu e encerrou incontáveis portas
e insídias me lançou!
Aión, o intemporal, aguardou por Mim.
Recebe agora neste Reino, sem cerimónias
um dos que Acordou!
«Tudo fez sentido.
Vê agora, fora do Tempo, o tempo que deixaste.»
Inflamo-me de rubro puro!
Um Fogo Sagrado se manifesta, por fim!
Tudo me é claro, tudo se encaixa,
acedo à Memória de minha condição eterna
e tudo entendo, intemporalmente,
como se nunca algo tivesse ocorrido.
Não há mais segredos guardados de Mim:
na curiosidade, nas trevas Caí,
pela verdade, do abismo Volvi;
na imprudência, fui capturado,
pela essência, sou Libertado;
na quente ilusão, fui vivente,
pela revelação, sou Renascente.
Cada ponta da minha Existência,
outrora solta, por ignorância,
uno-a agora em seu próprio lugar,
encaixo-a no encadeamento certo.
Decerto, munido de tal Sabedoria,
jamais tornarei a Cair,
imune que Sou à Tentação.
Disposto sobre o Abismo de onde Renasci,
acompanhado pelos tantos outros,
cada qual com sua História e seus motivos
com que abriram o Portão para que saísse,
constato a escolha que se me depara:
posso partir, explorar bem longe do Abismo,
descartar por completo a prisão do Oposto
e servir-me da Liberdade da pura Essência
para contribuir como melhor me aprouver.
Posso também, com estes tantos outros, ficar;
Tantos como eu ainda lá residem, no cárcere.
Posso daqui Ver com o meu Fogo Puro
e, com meus Companheiros,
atirar sementes de Feijoeiro,
lançar escadas de Luz,
promovendo o Regresso daqueles,
que sendo como Eu, como Nós,
entre os demónios do Oposto,
dormindo, permanecem.
Jamais tornarei a Cair,
(...)
Category | Arts & Literature |
Sensitivity | Normal - Content that is suitable for ages 16 and over |
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