Original: https://www.youtube.com/watch?v=2uOg5Qj33Kw
Bonus: O DUALISMO CALVINISTA (leia aqui na descrição):
Como demonstro aqui, gosto muito da obra Verdade Absoluta de Nancy Pearcey, porém tive um insight negativo que contraria a autora. O próprio Calvinista me parece um homem dividido, pois quando Calvino diz: "Deus decreta os eventos de tal modo que não retira a Responsabilidade Humana." Faz com que esse religioso venha lidar com dois tipos de raciocínio. Um que fala de suas responsabilidades, pecados, méritos ou culpas, e outro que segue em linha distinta, falando da soberania absoluta da divindade, ao ponto desta tal determinar os movimentos de cada interação elementar. Na medida em que os calvinistas aceitam duas realidades supostamente contraditórias como verdades pela fé, mesmo sabendo que são paradoxais, eles se tornam inevitavelmente divididos.
Fato = Deus é soberano em tudo.
------ Desconectados logicamente, mas ligados pela Fé.
Valor = O Homem é responsável moralmente.
Essa dualidade, não é a mesma dualidade Aristotélica da baixa idade média e tão pouca a dualidade da filosofia moderna que desagua na modernidade. É um fato "científico" religioso que para o Calvinista é Deus que determina tudo, mas na contradição para com a responsabilidade humana, isto é jogado na conta do Mistério e do Númeno Divino. Isso implica que ainda é inevitável o Salto só que talvez cíclico de um para o outro conquanto duas realidades incompatíveis, aqui a figura de Kierkegaard continua presente e seu resgate posterior em Karl Barth.
*Lembremos que o dualismo Platão, seguido em parte por Agostinho, é dado da seguinte maneira:
Forma = Razão Eterna.
------- Algo existe em oposição a Deus.
Matéria = Fluxo Eterno Informe.
*Em Aquino, que segue Aristóteles, temos um modo distinto:
Graça Divina = Ação Sobrenatural.
------- Leigos/ Espirituais
Natureza = Um ideal teleológico.
Por causa da independência de ambas as partes isso gerou uma dualidade de naturezas, afinal se a natureza Aristotélica já estava completa, a adição da graça divina era mera questão de atribuição da fé. Nas Palavras de Jacques Maritain:
"Por um lado, temos um homem de natureza pura, que necessita só da razão para ser perfeito, sábio e bom, e ganhar a terra, e por outro, temos um envelope celestial, um outro "eu" que crê, assíduo na adoração e oração ao Deus dos Cristãos, que envolve e recheia com penugens de graça este homem de natureza pura e torna capaz de ganhar o céu".
*Em Descartes o dualismo aparece da seguinte forma:
Mente = Espírito, Pensamento, Emoção, Intelecto.
-------- O sucesso de Newton aumenta a diferença.
Matéria = Mecaniscismo e Determinismo.
*Em Kant a sombra do Dualismo Permanece:
Liberdade = O Eu Autônomo.
--------
Natureza = Máquina do Mundo Newtoniana.
*Eis que em Kant temos uma descrição que é adotada no mundo moderno:
Valor = Significados socialmente construídos.
------- Crítica Histórica
Fato = Verdade Publicamente Verificável.
*No Iluminismo a forma dual aparece da seguinte forma:
Romantismo = Religião e Humanidades - Bonito, mas imaginário.
------ Secularização/Sagrado imanente
Iluminismo = Ciência e Razão - Repulsivo, mas Real.
O problema é que a forma que a Nancy Pearcey tenta salvar o cristianismo do dualismo é pela defesa de seu holismo (história e teologia amalgamados), mas se defendemos fato e valor unificados no cristianismo meramente pela fé, negando qualquer evidência não pela criticidade mas pelo valor atribuído a fé, só estamos maquiando o problema e portanto embora negando, ainda existe dualidade. Pois para valorar o holismo precisaria reconhecer a crítica como método.
